Então chegou o quarto dia. A criatura já estava com três quartos de seu corpo fundido ao vidro. Kowalsky começou a ter tremedeiras pelo corpo, e ele não era o único. Gabriel acabou atrasando a fórmula, pois mal se aguentava em pé. Bruno continuava fazendo piadas do momento infortúnio.
- Se eu morrer, comam minha bunda! É a parte que mais tem carne!
Percebi que a situação ficou crítica quando aproximei-me de Luis.
- Você não vai fazer alguma coisa! - gritou engrossando ainda mais a voz em um tom que nunca tinha ouvido antes. - Estamos com fome e acabaremos morrendo aqui!
Comecei a chorar. Luis nunca tinha falado comigo daquele jeito. Olhei para o lado e vi Kowalsky tendo convulsões. Lua tentava ajuda-lo mas mal podia suportar a si mesma.
Quando estamos com fome perdemos alguns de nossos sentidos. Foi o que me fez demorar a perceber aquele cheiro de carne podre, em avançado estado de decomposição. Olhei para o lado e a pessoa que virou vidro ainda estava lá, com seus órgãos esparramados pelo chão, órgãos que agora estavam se decompondo. Então tive a ideia.
Eu e Gabriel coletamos os órgãos e atiramos na fogueira improvisada para ser criada a fórmula. A carne mal esquentava e já metíamos na boca. Aquele sabor horrível era seguido pela sensação de satisfação. Lua meteu alguns pedaços na boca de Kowalsky que tentava se recusar a engolir aquela coisa. Arrastou-se até a porta e tentou sair. A criatura percebeu e saiu do vidro. Kowalsky foi interrompido por Lua.
- Você está louco? A criatura vai te pegar! Pegar todos nós.
A criatura percebendo que Kowalsky não sairia dali, voltou ao mesmo ponto onde antes havia parado, com três quartos de seu corpo fundido ao vidro. Parecíamos ter saído de um ritual de canibalismo. Nossas bocas completamente meladas de sangue, a barba do Kowalsky e do Gabriel ainda com resquícios de carne. Foi uma cena nada agradável.
O quinto dia chegou. Apesar da carne estar apodrecida, conseguimos nos manter. Gabriel voltou para o seu experimento que já estava na reta final. O sangue seco em sua barba ainda podia ser visto. Prometemos contar o que ocorrera ali a ninguém. Sentei-me em um canto da sala de onde ainda podia ver a criatura. Luis se aproximou de mim.
- Perdoe-me. Não tinha controle de mim mesmo. - ele disse.
Penso em tudo que Luis passou e quantas vezes sentiu vontade de surtar, chorar... mas sempre se segurava. Aquela conversa teria progredido se não fossemos interrompidos pelo grito do Gabriel.
- Consegui! Consegui!
Em suas mãos havia um frasco com um líquido preto, colocou um pouco em um pano e começou a passar no vidro da janela onde a criatura se fundia, como se estivesse limpando-a, tomando o cuidado para não tocar no vidro com as mãos. Um buraco começou a surgir na janela, então nada mais havia, a não ser a criatura que entrou.
Abrimos a porta e corremos em direção à outra casa. Percebi de relance que a criatura de vidro também estava se dissolvendo, mas que demoraria um pouco. A outra casa também possuía madeira pregada nos buracos onde haviam vidro. Percebi então que o outro grupo ainda estava lá.
"Abra a porta! Socorro!" gritamos. A porta então se abriu e várias mãos nos puxaram.
- Achei que vocês tinham morrido. - disse Kenji.
Kowalsky não se importou naquele momento se gostava da Beruccia, simplesmente a empurrou, tomou para si sua mochila e começou a devorar algumas frutas. Depois atirou-as para nós. Caioviskhy percebeu nossa boca suja de sangue e disse brincando:
- O que é isso em suas bocas? Por acaso estavam comendo carne humana?
Sei que ele disse brincando, mas tive muita vontade que dar um soco na cara dele. A criatura apareceu na janela. Seus braços haviam desaparecido. Tentou fundir-se ao vidro da janela mas não conseguia, então começou a gritar e saiu pelo lado. Apareceu pela frente e conseguiu abrir a porta que esquecemos de trancar, mas tudo o que vimos foram somente uma de suas pernas. Aproximou-se de mim, tocou na minha bota (mas mal algum me fez) e então desapareceu.
A primeira coisa que fizemos quando voltamos à base foi comer comida de verdade. Naquele dia conseguimos dormir, dormir tanto que acordamos dois dias depois. Peguei o diário e cataloguei a criatura de vidro; uma criatura insana capaz de me obrigar a fazer algo tão insano quanto.
Percebi que a situação ficou crítica quando aproximei-me de Luis.
- Você não vai fazer alguma coisa! - gritou engrossando ainda mais a voz em um tom que nunca tinha ouvido antes. - Estamos com fome e acabaremos morrendo aqui!
Comecei a chorar. Luis nunca tinha falado comigo daquele jeito. Olhei para o lado e vi Kowalsky tendo convulsões. Lua tentava ajuda-lo mas mal podia suportar a si mesma.
Quando estamos com fome perdemos alguns de nossos sentidos. Foi o que me fez demorar a perceber aquele cheiro de carne podre, em avançado estado de decomposição. Olhei para o lado e a pessoa que virou vidro ainda estava lá, com seus órgãos esparramados pelo chão, órgãos que agora estavam se decompondo. Então tive a ideia.
Eu e Gabriel coletamos os órgãos e atiramos na fogueira improvisada para ser criada a fórmula. A carne mal esquentava e já metíamos na boca. Aquele sabor horrível era seguido pela sensação de satisfação. Lua meteu alguns pedaços na boca de Kowalsky que tentava se recusar a engolir aquela coisa. Arrastou-se até a porta e tentou sair. A criatura percebeu e saiu do vidro. Kowalsky foi interrompido por Lua.
- Você está louco? A criatura vai te pegar! Pegar todos nós.
A criatura percebendo que Kowalsky não sairia dali, voltou ao mesmo ponto onde antes havia parado, com três quartos de seu corpo fundido ao vidro. Parecíamos ter saído de um ritual de canibalismo. Nossas bocas completamente meladas de sangue, a barba do Kowalsky e do Gabriel ainda com resquícios de carne. Foi uma cena nada agradável.
O quinto dia chegou. Apesar da carne estar apodrecida, conseguimos nos manter. Gabriel voltou para o seu experimento que já estava na reta final. O sangue seco em sua barba ainda podia ser visto. Prometemos contar o que ocorrera ali a ninguém. Sentei-me em um canto da sala de onde ainda podia ver a criatura. Luis se aproximou de mim.
- Perdoe-me. Não tinha controle de mim mesmo. - ele disse.
Penso em tudo que Luis passou e quantas vezes sentiu vontade de surtar, chorar... mas sempre se segurava. Aquela conversa teria progredido se não fossemos interrompidos pelo grito do Gabriel.
- Consegui! Consegui!
Em suas mãos havia um frasco com um líquido preto, colocou um pouco em um pano e começou a passar no vidro da janela onde a criatura se fundia, como se estivesse limpando-a, tomando o cuidado para não tocar no vidro com as mãos. Um buraco começou a surgir na janela, então nada mais havia, a não ser a criatura que entrou.
Abrimos a porta e corremos em direção à outra casa. Percebi de relance que a criatura de vidro também estava se dissolvendo, mas que demoraria um pouco. A outra casa também possuía madeira pregada nos buracos onde haviam vidro. Percebi então que o outro grupo ainda estava lá.
"Abra a porta! Socorro!" gritamos. A porta então se abriu e várias mãos nos puxaram.
- Achei que vocês tinham morrido. - disse Kenji.
Kowalsky não se importou naquele momento se gostava da Beruccia, simplesmente a empurrou, tomou para si sua mochila e começou a devorar algumas frutas. Depois atirou-as para nós. Caioviskhy percebeu nossa boca suja de sangue e disse brincando:
- O que é isso em suas bocas? Por acaso estavam comendo carne humana?
Sei que ele disse brincando, mas tive muita vontade que dar um soco na cara dele. A criatura apareceu na janela. Seus braços haviam desaparecido. Tentou fundir-se ao vidro da janela mas não conseguia, então começou a gritar e saiu pelo lado. Apareceu pela frente e conseguiu abrir a porta que esquecemos de trancar, mas tudo o que vimos foram somente uma de suas pernas. Aproximou-se de mim, tocou na minha bota (mas mal algum me fez) e então desapareceu.
A primeira coisa que fizemos quando voltamos à base foi comer comida de verdade. Naquele dia conseguimos dormir, dormir tanto que acordamos dois dias depois. Peguei o diário e cataloguei a criatura de vidro; uma criatura insana capaz de me obrigar a fazer algo tão insano quanto.
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