Projeto AGAPe: Caçadores de Monstros - Capítulo 10: Nossa visita à Praça Sextante (Parte 1)

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Fiquei imaginando que o melhor que eu poderia fazer naquele sutil momento era não falar alguma coisa para Kowalsky. Ele era meio psicótico por Beruccia e nem poderia imaginar que ela "não estava gostando dele". Talvez eu nem deveria me meter nesse assunto, mas eu ficaria muito se, por exemplo, alguém soubesse que o Luis estava namorando outro homem enquanto eu estava babando por ele. Enquanto olhava as duas conversando enquanto caminhava conosco (Miranda já havia recebido alta do hospital) nunca parei para imaginar que elas estavam tão próximas. Mais preocupada com o suposto relacionamento de Suzana e Caioviskhy não parei para perceber o óbvio que se encontrava na minha cara.

Todos esses pensamentos pararam quando um carro preto começou a nos seguir. Carro? Quis dizer uma limusine! Toda blindada para possíveis ataques de AGAPes. Ninguém da Laurásia possuiria tanto dinheiro para comprar tal limusine, mas algo me fez prestar mais atenção no carro: um símbolo apareceu logo em frente. Esse carro veio da Praça Sextante, porém não sei porque nos seguia. O símbolo dos Sextantes era obviamente um sextante e todos logo perceberam e pararam para tentar descobrir o que aquele carro fazia por ali.

Shadow pegou sua espada e apontou em direção do carro tentando afronta-lo mas não vi necessidade para isso. De dentro saiu um homem elegante. Sua roupa era bem estranha comparada ao que usualmente vestimos, ele parecia um sacerdote. Reverenciou-nos porém não obteve resposta nossa, estávamos abismados. Ele disse - com um suave tom de voz - que se queríamos um momento de folga, aquela era a oportunidade.

Kenji aceitou imediatamente, mas eu o intervi. De algum modo aquele homem não me passava confiança, mas ele insistia e ainda relatou que veio nos buscar a mando do próprio Mestre Supremo. Até onde sei o Mestre Supremo é o rei, governador, chefe de toda a Praça Sextante, e realmente em queria ter um diálogo com o mesmo. Tudo o que queria saber é por que ele nos abandonou nesta cidade cercada de criaturas pelas quais devemos lutar todo dia. Luis chegou para mim e disse em tom bem baixo:

- Será isso uma armadilha para nós?

- Se for eles precisarão se esforçar mais, pois dormirei com um olho fechado e outro aberto. - respondi-lhe.

Estava clara em meus objetos; teria uma conversa prolongada com tal Mestre Supremo, mas recusaria-me a ir sem saber o nome do nosso condutor.

- Miguel. - ele disse.

Incrivelmente todos os onze couberam no carro. E assim partimos para a Praça Sextante.

As luzes fulminaram nossa vista, visto que ainda era dia. Adentramos um gigantesco portão onde ficamos no meio de um pátio vazio. Extremamente vazio. Um feixe de laser nos examinou. Perguntei a Miguel o que era aquilo e ele respondeu que é um procedimento padrão para verificar de nenhum AGAPe entrou no recinto. Como tudo estava limpo, o segundo portão abriu, e uma paisagem surgiu diante de nós.

Uma enorme cidade futurística com tecnologia em todos os lados não merece o título de praça. No centro uma enorme fonte arredondada com o símbolo sextante jorrava uma água que dançava e formava figuras como cavalos ou sereias. As pessoas se vestiam de maneira bem diferente da nossa, então não passamos despercebidos já que as janelas da limusine estavam abertas. Os habitantes cochichavam entre si, provavelmente comentando sobre nossa presença.

No final da estrada havia uma enorme torre que se destacava desde a entrada. O enorme símbolo sextante brilhava em neon enquanto contemplávamos aquilo. A torre era tão grande que a limusine conseguiu entrar nela. Então saímos do carro e já estávamos em uma espécie de sala de espera.

- Esperem aqui. - disse Miguel.

As recepcionistas atendiam o telefone a todo momento como se trabalhassem em uma empresa de telemarketing. E eis que ele aparece em nossa frente, semelhante a um rei.

- Olá. - disse com uma voz suave - Acho que vocês são os caçadores de monstros.

Com certeza ele era o rei de toda a sociedade. Seu nome era Carlos pelo que me lembro e ele tinha uma esposa. O mais estranho era que, apesar de aparentar ter quase quarenta anos, sua esposa não parecia ter saído dos dezessete. Ela estava tão arrumada quanto ele. Ela tinha cabelos longos na cor castanho escuro, pele parda e olhos castanhos escuros. Ela tinha um gato persa que chamava de Luar, e o gato parecia mais bem tratado do que nós.

Quando ela surgiu diante de nós, Suzane ficou bastante diferente, como se algo a perturbasse, algo que me deixaria extremamente curiosa se não houvesse sido revelado em poucos segundos.

- Katherine! - gritou.

Katherine era a melhor amiga de Suzane e havia desaparecido durante A Revolta, mas aparentemente fora sequestrada pelo rei e logo - por causa de sua irradiante beleza - veio converter-se em sua esposa. Dizia ela que o rei era um ótimo marido, e pela sua aparência deveria ser. Suzane aproveitou e ambas se uniram para atualizar as novidades. O restante do grupo seguiu para um luxuoso quarto.


Era um pouco impossível de acreditar que estávamos lá. Depois de muito tempo tomamos um banho muito relaxante, apesar de termos que convencer Shadow a tomar também. Ficamos em um imenso quarto com camas luxuosas, todas personalizadas com o símbolo sextante.

Achei que esta seria a situação perfeita para poder conversar com Luis e falar sobre meus sentimentos, mas toda vez que eu olhava para ele acabava perdendo as palavras. Um homem veio até nós e disse que seríamos apresentados para um canal de televisão local, e então uma senhorinha nos deu roupas e disse que deveríamos usa-las na apresentação. Eram vestidos e ternos lindos, o que me fez imaginar como cada um ficaria usando tais roupas.

- Eu não vou usar isso! - gritou o revoltado do Caioviskhy.
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Uma vez na vida eu queria que esse maluco não discordasse de algo, ou se arrumasse ao menos. A senhorinha que estava conosco conseguiu convence-lo apenas oferecendo-lhe whisky. E assim seria nossa noite de gala.

Apareceríamos na TV ao vivo naquela noite. Todos estavam devidamente arrumados com seus ternos e vestidos, mas todos os homens olharam para mim ao me verem elegante. Luis me elogiou e fiquei muito feliz por causa disso, mas parece que Suzane não gostou muito. Ela estava muito estranha comigo.

Era uma TV local, mas os cenários eram extremamente luxuosos. Um lugar lindo, coberto de ouro e prata e talvez até diamantes. O apresentador nos recebeu, também trajando ouro, e nos fez diversas perguntas e entrevistas. Eles gostavam de saber como é a profissão de "caçador de monstro", tivemos que caracterizar cada AGAPe; eram lembranças tristes e Lua chegou a chorar ao lembrar de Bruno. Muitas vezes queríamos interromper as entrevistas, mas eles insistiam nas perguntas, tinham prazer em conhecer nosso sofrimento apenas por curiosidade.

O programa terminou e a primeira coisa que fizemos foi dormir nas nossas enormes e confortáveis camas. Pela primeira vez dormi bem.

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