Projeto AGAPe: Caçadores de Monstros - Capítulo 7: AGAPe #6 Inocência (Parte 2)

Capítulo 1 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 2 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 3 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 4 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 5 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 6 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 7 (Parte 1)

Shadow pegou seus apetrechos e com eles tentou abrir a porta, mas Bruno parecia disposto a não ceder. Estava completamente louco!

"Nada acontecerá com você." ele repetia ao garoto que não parava de chorar. Contornamos a casa para ver se havia outra entra, mas tudo o que vimos foi a saída bloqueada por fios de arame farpado emaranhados para proteção contra possíveis AGAPes. Luis não teve opção. Pegou sua bazuca e atirou contra a porta que voou em pedaços.

Ele estava no segundo andar da casa, trancado em um quarto. A bazuca ali causaria um estrago tão grande que mataria a todos, então não era a opção. Gabriel criou ali mesmo uma fórmula para que o metal da fechadura derretesse. Demorou algumas horas porém deu certo. E foi assim que conseguimos entrar no recinto. Bruno estava em um canto abraçando aquele que dizia ser seu filho.

- Por favor, não o tirem de novo de mim. - implorava. Infelizmente não podia atende-lo.

O garotinho não parava de chorar. Ouvimos um ronco alto e então imaginamos que o AGAPe estava por perto. Perto demais. Era como se estivesse bem ali no quarto junto a nós.

- A criatura está perto. Papa por favor solte o garoto! - disse Kenji.

Quanto mais falávamos mais forte Bruno segurava o menino. Os roncos ficaram mais altos. Bruno estava atrapalhando a missão agarrando-se em um filho que nem era dele. Um garoto cujo os pais estavam loucos atrás dele.

Kenji arrancou a criança de suas mãos, depois começou a relatar que a criança estava pesada. E estava ficando cada vez mais pesada até que ele não aguentou e a derrubou no chão. Os olhos do garoto estavam negros e seus dentes se tornaram presas. Um tumor emergia de seu rosto e em pouco tempo percebemos que estávamos diante do AGAPe que caçávamos.

Agora tudo fazia sentido. Ninguém conseguia ver a criatura porque ela estava sempre disfarçada de alguém. No caso de Bruno ela se disfarçou de seu filho. Ela possuía um serrote em uma das mãos que serrava suas vítimas ao meio.

- Não... - disse Bruno. - Meu filho não...

Obviamente a criatura foi em sua direção. Kenji pulou em suas costas mas foi arremessado em direção a uma parede. Bruno tirou de seu bolso um bumerangue, mas o segurou firmemente e não conseguiu arremessar na criatura que outrora foi seu filho,

E era assim que a criatura atacava. Ela fazia as pessoas se apegarem a ela e depois a aniquilava, por isso apelidei o monstro de "Inocência". O problema é que Bruno não conseguia matar a criatura que se aproximava cada vez mais dele.

Corri em direção a Bruno que foi agarrado pela criatura e o ameaçava com seu braço transformado em serrote. Antes que o AGAPe conseguisse fazer qualquer coisa com Bruno, dei uma rasteira nele que arremessou Bruno através da janela. Esperava que Bruno estivesse bem, apesar de ter sido arremessado do segundo andar, porém ainda devíamos travar nossa batalha contra Inocência.

O AGAPe porém pulou pela mesma janela que havia arremessado Bruno. Olhei e vi a criatura caída no arame farpado que protegia a porta dos fundos da casa, mas não consegui ver Bruno. Corremos para fora e fomos até a direção da criatura que estava totalmente enrolada no arame. Quanto mais se contorcia, mais se machucava.

Luis apontou-lhe a bazuca quando gritei:

- Espere!

Observei bem e vi que, embaixo da criatura, estava Bruno também completamente machucado. Sua pele estava cheia de arranhões e muitas farpas atravessavam seu corpo. A criatura sobre ele também piorava a situação. Com uma respiração ofegante e uma voz bem baixa disse:

- Mate-o agora!

- Mas você morrerá junto. - respondeu Luis.

- Eu vou reencontrar meu filho...

Pude ver uma arame engatado em sua garganta. Essas foram suas últimas palavras, e então deu um sorriso. Seu último sorriso.

Bum!

Luis atirou e vários pedaços de carne e sangue foram arremessados para todos os lados. Normalmente estaria acostumada a ver mortes em minha equipe porém era impossível, sabendo a história de Bruno, não ter ficado chocada com sua morte.

Três dias depois saímos do hospital com leves ferimentos. Deveríamos ter nos afastado mais da explosão porém poucas farpas voaram em nossa direção. Agora tudo estava mais estranho, mais diferente. Havia somente onze membros na nossa equipe. Sabia que uma hora teria que acontecer mas não desse jeito. Ele morreu porque sempre quis proteger seu filho.

Deveríamos seguir nossas vidas e continuar evitando que desgraças como essa continuem acontecendo. Aprendi a não confiar em mais ninguém e que nunca esquecerei o Papa que agiu como um verdadeiro pai.

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