Projeto AGAPe: Caçadores de Monstros - Capítulo 7: AGAPe #6 Inocência (Parte 1)

Capítulo 1 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 2 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 3 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 4 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 5 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 6 (Parte 1 | Parte 2)

Ainda estava um pouco impressionada com a história de Suzana sobre sua amiga Katherine. Tudo o que eu queria era poder reuni-las novamente. Os AGAPes me preocupavam mas desta vez os Sextantes conseguiram me preocupar mais ainda. Bruno também me preocupava. Desde a morte de Bruno Jr. ele andava triste e cabisbaixo. Eu deveria saber o que estava acontecendo.

- Papa, você está assim desde a morte de Bruno Jr.. Por quê?

- Ah, eu não quero falar sobre isso.

- Por favor. Talvez eu possa ajuda-lo.

- Tudo bem. Bruno Jr. era o nome do meu filho. Eu era muito apegado a ele. Quando fez dezessete anos tornou-se um caçador de monstros, e eu sempre o incentivava. Porém certo dia tivemos uma briga feia e então ele disse que não tinha orgulho de mim. Saiu e voltou em pedaços mutilados em cima de uma maca trazido por outros caçadores.

- Eu sinto muito.

Uma lágrima escorreu de seu rosto.

- Achei que poderia fazer aquilo que não pode pelo meu filho, mas sou uma vergonha!

E então começou a chorar. Abracei-o fortemente e pude compreender suas dores. Porém esse momento único fora novamente interrompida por outra briga.

- Kowalsky está brigando! - veio Miranda gritando.

- Outra vez? Cadê o Caioviskhy?

Foi então que percebi que Caioviskhy não estava lá por perto. Estava com Suzana e gostaria muito de acreditar que estavam procurando Katherine. Agora percebi que Kowalsky também é um pouco briguento. Quando cheguei vi Kowalsky no chão com o nariz sangrando, e Luis com o punho cerrado. Achei bem estranho já que Luis não é disso. Ele é bem forte, por pouco não arrebenta a cara do Kowalsky por completo.

- O que está acontecendo aqui?

- Eu só disse que você gostava do Luis. - Kowalsky respondeu.

Empalideci. Minhas reações não passavam de gaguejar palavras incompreensíveis. Segurei o fôlego e disse:

- Luis, não liga para ele.

- Mas ele fica desrespeitando a líder.

- E terá seu devido castigo. - respondi. Mas não sei se castigava ou agradecia a Kowalsky.

Recebemos o alerta. Uma criatura estava atacando Bonville. O mais estranho no AGAPe era que ninguém havia o visto. Somente aparecia os corpos. Ninguém sabia sequer como ele era, por isso recebeu o apelido de "AGAPe fantasma". Pedi para que todos arrumassem suas coisas para que partirmos, e se Caioviskhy e Suzana não aparecessem em dois minutos seriam deixados para trás, porém surgiram em um minuto e meio.

Tudo o que eu queria era que não encontrássemos outra criança para que Bruno não lembre se seu filho. A cicatriz em seu pescoço mostrava sua experiência, cicatriz que ganhou enquanto lutava contra um AGAPe para proteger o filho. Porém outra criança surgiu em nosso caminho.

- Bruno Jr.! - Bruno gritou.

Achei que Bruno tinha enlouquecido de vez e pensado que toda criança era seu filho, já que o garoto em questão era bem diferente do último. Porém ele me respondeu:

- Esse é meu filho! Os mesmos olhos, o mesmo cabelo! Só que com cinco anos!

Realmente aquele garoto era a cara de Bruno, imaginei então se a Sociedade Sextante não estaria clonando pessoas. Quando percebi porém o garoto - que se chamou Bruno Jr., pois não se recordava o nome - estava em seus braços.

- Meu filho voltou! - gritava Bruno. - Meu filho voltou!

- Ele é a sua cara. - disse Lua. Ela porém olhou mais atentamente e correu em direção a um arbusto. Fomos atrás dela.

Próximo ao arbusto havia um corpo serrado ao meio. Normalmente uma cena que causaria repugnância em nós se não estivéssemos acostumados com isso. Uma mulher de vestido azul segurando um carrinho de brinquedo ensanguentado.

- A criatura está por perto. - disse Lua. Ela seguiu adiante e seguimos-na.

Realmente não encontramos criatura alguma, como se ela matasse as pessoas e ficasse invisível. Bruno continuou fazendo mimos ao garotinho que ele tinha certeza ser seu filho.

- Precisamos leva-lo à base. - disse.

- A base não é mais um local seguro. - alertou-me Bruno.

- O que vamos fazer? Deixa-la conosco correndo mais riscos?

- Não. Ele vai ficar comigo!

Bruno não estava brincando. Pude ver a seriedade em seu olhar. Era como se aquele Bruno brincalhão tivesse morrido. Pela primeira vez ele me desobedeceu. Gesticulei que tomaria o menino de seus braços porém ele me empurrou com um chute.

- Você não o tirará de mim! - ele disse, e então correu na direção oposta.

Shadow foi atrás dele tentando convence-lo a entregar a criança.

- Os pais dele estão desesperados.

- EU SOU O PAI DELE!

E então Bruno encontrou uma casa recém-abandonada. Entrou e trancou a porta.

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