Projeto AGAPe: Caçadores de Monstros - Capítulo 5: AGAPe #4 A Serpente Emplumada (Parte 2)

Capítulo 1 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 2 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 3 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 4 (Parte 1 | Parte 2); Capítulo 5 (Parte 1)

Estávamos disputando sobre quem mais seria salvo pelo outro. Uma brincadeira bem idiota. Adivinha de quem foi a ideia! Do Caioviskhy, claro. Uma pessoa que não completou o Ensino Médio e...

- Prossiga sem intervalos! - gritei a Kowalsky.

Pois bem. Estávamos caminhando quando ouvimos um barulho. Caioviskhy tentou pareceu o mais atento possível, mas sabia que essa não era a verdade. Ri muito quando vi que era apenas um gambá. De uma forma mais amigável possível peguei o gambá em meu colo. Quando eles não se sentem ameaçados não liberam o fedor. Então ouvimos outro barulho, desta vez maior. O gambá se sentiu ameaçado e soltou o fedor... bem na minha cara. Caioviskhy começou a rir e então começamos a brigar.

Caioviskhy pegou sua arma .40 e começou a me ameaçar, dizendo que desta vez não haveria garota alguma para defender-me. Uma sentença bem idiota, garanto. Então dei-lhe uma rasteira e ele caiu, atirando para cima, quebrando um galho de árvore que caiu sobre o meu pé.

Com minha perna extremamente dolorida, Caioviskhy veio para cima de mim e começou a me agredir com pontapés. Percebi que ele havia perdido sua arma no meio da lama onde estávamos. Peguei uma flecha e espetei em sua perna. Nenhum de nós podia andar naquele momento. Então começamos a nos agredir ali mesmo, no chão.

Depois de quase uma hora estávamos cansados demais para brigar um com o outro. Já havíamos nos acostumados com a dor nas pernas e já podíamos ficar de pé. Imaginei que, se o AGAPe tivesse aparecido naquele momento estaríamos mortos. Viraríamos jantar! Então tomei a atitude de brigar com Caioviskhy.

- Você não manda em mim! - ele disse - Nem a Ana Kelly! Nem o Henrique! Ninguém manda em mim!

E então foi envolvido em uma longa sequência de escamas e penas. A criatura o arrastou e o levou até o topo de uma árvore. E então o deixou em um galho de árvore e ausentou-se.

- Tire-me daqui! - gritou.

- Você quer que eu te salve? - respondi.

- Não imbecil. Volte para a casa e traga alguém consigo!

- Ainda estarei te salvando, não é?

- Então traga ninguém! Eu me viro sozinho.

Caioviskhy foi se pendurando entre os galhos até que tropeçou e caiu. Teria sofrido uma queda feia se não tivesse sido envolvido pelos cipós da árvores. Com mais alguns movimentos logo o cipó amarrava-lha apenas as pernas. Ele estava de ponta-cabeça atado pelo pé e de maneira alguma conseguiria sair daquela situação.

- Você já perdeu Caioviskhy! - gritei a ele - Ou deixa eu te salvar ou você vira comida de cobra!

- Prefiro mil vezes morrer do que aceitar sua ajuda!

- Diga-me então, isso vai te fazer melhor?

Caioviskhy ficou calado. Sua resposta:

- Então atire logo uma de suas flechas escrotas na minha cabeça! Acabe com meu sofrimento!

- Sofrimento? Você ainda está muito bem! Só não quer ser salvo!

E então a criatura se aproximou. Ela pouco se importava comigo, já tinha sua refeição. Se a serpente soubesse o que iria devorar talvez desistisse, não iria querer um jantar reclamando em seu estômago e tentando causar-lhe indigestão. Os gritos de Caioviskhy porém deixavam-me em dúvida. Em diversos momentos imaginei melhor mata-lo e dizer a equipe que fora engolido pela serpente. Ele fechou os olhos e disse:

- Estou pronto para morrer.

Então mirei a flecha em sua cabeça. E atirei.

Acertou a criatura que explodiu! Havia atirado-lhe uma flecha com uma bomba e logo nós estávamos cobertos de penas que se grudaram com a lama que ainda estava em nosso corpo.

A explosão derrubou Caioviskhy que caiu em um monte de cocô que estava logo abaixo da árvore. Às vezes esquecemos que os AGAPes também fazem suas necessidades e aquilo teria sido menos nojento se eu não soubesse que aquilo era restos do que um dia já foram seres humanos. Ri, e muito.

E então retornamos.

Não demorou muito para começarmos a rir muito de Caioviskhy. Pela primeira vez zombaria estava permitida. Então saímos da casa e montamos acampamento. Caioviskhy foi se lavar no rio porque se recusava a tomar banho na casa dos outros.
E então voltou só de cueca.

- Quem roubou minha roupa? Kowalsky!

Todos começaram a rir. Kowalsky negou ter feito algo do tipo e então todos olharam para um mesmo canto onde Bruno limpava a louça com as roupas de Caioviskhy.

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